Cidades

STJ retoma julgamento sobre resort de luxo que pode impactar área protegida em Maricá

Obra da empresa espanhola IDB Brasil está embargada desde 2023 por decisão do ministro Herman Benjamin; julgamento será retomado em 12 de agosto de 2025

Breendon Santos

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Foto: Divulgação/SOS Restinga de Maricá

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) marcou para o dia 12 de agosto a retomada do julgamento que decidirá o futuro da construção de um resort de alto padrão no município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A obra está suspensa desde maio de 2023 por decisão liminar do ministro Herman Benjamin, que apontou possíveis irregularidades nas licenças ambientais e urbanísticas concedidas ao empreendimento.

O projeto, conduzido pela empresa IDB Brasil Ltda — subsidiária de grupos de investidores espanhóis, chineses e norte-americanos — prevê a construção de um grande complexo turístico e residencial na Área de Proteção Ambiental (APA) de Maricá, criada em 1984 e conhecida pela biodiversidade da sua vegetação de restinga, campos de dunas e ecossistemas brejosos. A APA abrange cerca de 970 hectares e abriga espécies ameaçadas de extinção, além de populações tradicionais, como o povoado de Zacarias e a aldeia indígena Guarani Mbya de Mata Verde Bonita.

Na liminar, o ministro Herman Benjamin considerou que as licenças emitidas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e pela Prefeitura de Maricá causariam danos “irreversíveis e irreparáveis”, e determinou o embargo imediato das obras. Segundo moradores da região, máquinas e trabalhadores da obra já atuavam na área com tratores e motosserras desde abril de 2023, causando desmatamento e aterramento de áreas sensíveis.

De acordo com o Movimento Baía Viva, que acompanha o processo, o empreendimento pode afetar gravemente o equilíbrio ambiental da região e levar ao deslocamento forçado de comunidades que vivem há séculos no local. A organização afirma que “o projeto ameaça provocar a desterritorialização do centenário povoado de Zacarias, ocupado desde 1797, e da aldeia Guarani Mbya de Mata Verde Bonita”.

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O julgamento está listado na pauta oficial do STJ e será retomado às 14h do dia 12 de agosto.

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