Traficante Rabicó vira ‘herói’ nas redes após proibir roubos na BR-101 em São Gonçalo

Após a publicação de uma reportagem no O INFORMATIVO afirmando que o traficante Antônio Ilário Ferreira, conhecido como Rabicó, havia proibido roubos na BR‑101, em São Gonçalo, depois da morte de líderes religiosos em tentativas de assalto, centenas de pessoas passaram a exaltar o criminoso nas redes sociais. Internautas foram além, chegaram a afirmar que ele “manda mais que o presidente, a polícia e o governador” e sugeriram que “Rabicó para presidente do Brasil”.

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O fenômeno revela a força de “governança paralela” exercida pelo chefe do tráfico, que, apesar de procurado pela polícia, encontra respaldo popular em algumas comunidades, seja por ações violentas, seja por medidas que, mesmo criminosas, acabam sendo percebidas como ordem e segurança.

A repercussão da reportagem que destacou a ordem de Rabicó para cessar roubos na BR‑101 mostrou o quanto a imagem do traficante, com funções quase “governamentais”, ganhou força. Em postagens, muitos exaltaram o “paizão” e o compararam a autoridades oficiais.

Essa situação reflete uma realidade cruel de “governança paralela”, em que líderes criminosos substituem o Estado em comunidades negligenciadas. Por mais controversa que seja, a medida despertou gratidão em parte da população, que se viu mais segura, ao menos temporariamente.

No entanto, é essencial lembrar que seu prestígio vem acompanhado da imposição violenta de poder, violência armada e violação de direitos humanos. A popularidade inesperada não torna sua atuação legítima, tampouco exime o Estado da sua responsabilidade de prover segurança pública com base na legalidade.

Quem é Rabicó?

Antônio Ilário Ferreira, conhecido como Rabicó, é um dos principais líderes do Comando Vermelho (CV) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. De acordo com o Portal dos Procurados, ele acumula mandados por graves crimes como roubo majorado, tráfico de drogas e associação criminosa.

Preso em 2008 em Pernambuco como chefe de tráfico; foi condenado a mais de 27 anos de prisão. Recebeu liminar do STF em 2019 para aguardar recursos em liberdade e retornou ao comando do tráfico no Salgueiro. Chefia o tráfico há mais de 30 anos no Salgueiro; reorganizou sua facção e reagiu 

Em junho de 2025, festejou seu aniversário de 61 anos com fogos, decoração em LED e tiros celebratórios — uma demonstração de poder e influência no território.