Cidades
Exclusivo: Ambulâncias em más condições colocam pacientes a riscos graves no RJ
Profissionais denunciam veículos sucateados, falta de insumos essenciais e atrasos salariais. Empresa atua no Rio e em outros estados.

Em denúncias enviadas com exclusividade ao O Informativo, profissionais da área de saúde relataram uma série de problemas envolvendo a empresa Pró-Cuidar, responsável por serviços de remoção médica no estado do Rio de Janeiro. Segundo os relatos, a empresa estaria operando ambulâncias em condições inadequadas, com ausência de equipamentos básicos e sem oferecer a estrutura necessária para a segurança de pacientes e funcionários. Além disso, os trabalhadores afirmam estar com pagamentos atrasados, alguns há quase 1 ano.
Os relatos apontam que muitos profissionais estão evitando aceitar escalas com a empresa por receio de comprometer a saúde dos pacientes, diante da falta de recursos. De acordo com os denunciantes, ambulâncias saem para atendimento sem materiais básicos para pacientes, como luvas, gazes, ataduras, e sem nenhuma estrutura para suporte de vida.
Nas denúncias enviadas, relatos afirmam que falta cilindro de oxigênio nas ambulâncias, principalmente para transportar pacientes mais graves. Em um dos vídeos da denúncia, é possível ver um cilindro de oxigênio que, segundo informações, foi cedido pelo hospital para remoção do paciente, já que não havia um na ambulância. É possível observar também um monitor multiparamétrico em cima de um banco do veículo, o que aparenta estar improvisado naquele momento. Ele também teria sido cedido pelo hospital, de acordo com a denúncia.
O Informativo teve acesso a fotos e vídeos das ambulâncias, que mostram parte da frota em situação de possível irregularidade, mas não foi possível verificar imagens que comprovem a falta dos materiais médicos mencionados.
Apesar disso, nas fotos e vídeos enviados, é possível notar que os 4 pneus da ambulância estão carecas – assim como o estepe – parachoque e laterais do veículo danificados, o giroflex amarrado com atadura e completamente torto, lanterna traseira quebrada e retrovisores avariados.

Segundo informações, há quatro ambulâncias, e cada uma tem uma identificação: P3, P4, P5 e P6; somente a P3 e P4 estão funcionando, mesmo que danificadas. A P5 está com o “motor batido”, já a P6 teria perdido o freio indo a oficina mecânica no bairro do Jockey, em São Gonçalo.
Ainda segundo os profissionais ouvidos, há denúncias de que a empresa mentia sobre o estado clínico e o peso dos pacientes na hora de chamar os plantonistas, pois, por conta da falta de manutenção e equipamentos necessários, funcionários tinham medo de algo acontecer.
“Diziam que era um paciente fora de risco, com peso leve, para que o profissional fosse até o hospital. Mas chegando lá, era totalmente diferente. Eles mentiam exatamente para ninguém negar fazer a remoção do paciente. É complicado, pois colocamos nossa vida e carreira em risco. Não tinha maca para uma pessoa obesa e queriam que carregasse mesmo assim”, relatou um dos funcionários, que preferiu não se identificar.
LICENÇAS E LEIS
Os funcionários também denunciaram as supostas ausências de licenças sanitárias obrigatórias da ambulância, alegando que não há licença para operar no Rio de Janeiro. A Licença de Funcionamento e/ou Licença Especial é emitida pela Vigilância Sanitária do Estado do RJ, para unidades móveis de saúde, inclusive ambulâncias que prestam terapia intensiva móvel ou transporte médico, conforme Resolução SES nº 1822/2019.
Além disso, a falta de suporte também é a reclamação dos funcionários. Segundo os denunciantes, a empresa conta com uma supervisora que não seria enfermeira, mas sim técnica de enfermagem, o que pode ferir a lei, pois a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, conforme estabelecido pela Lei nº 7.498/1986, não permitindo que um técnico de enfermagem supervisione um outro.
PAGAMENTOS EM ATRASO
Há também relatos de atrasos salariais, envolvendo condutores, enfermeiros, técnicos de enfermagem e até médicos. Profissionais alegam que, mesmo após inúmeras tentativas de contato com a empresa, não há retorno nem previsão de pagamento. Além disso, segundo os relatos, funcionários responsáveis pelos pagamentos da Pró-Cuidar agiam com ironia, pedindo para aguardarem, pois o pix apresentava problemas. Alguns receberam valores em atrasos, outros ainda não viram a cor do dinheiro.
“Quando chega no dia do pagamento, a gente fica ligando, ligando, e eles não atendem as nossas ligações, recusam, e quando atendem, eles debocham, eles dizem que vão ver, ou que teve problema no pagamento, que está com instabilidade no PIX, sendo que eles fazem o PIX do médico na hora da remoção, pois muitos exigem, e eles fazem PIX para abastecer também, toda hora”, relatou um funcionário que também não quis se identificar.
De acordo com o mesmo funcionário, ele já tirou dinheiro do próprio bolso para consertar o pneu na ambulância, pois a Pró-Cuidar não realizou o repasse e ainda exigiu o mesmo a suspender o veículo com paciente dentro por um macaco hidráulico.
“O carro teve uma remoção, que a gente foi parar pra abastecer lá em Cabo Frio. O frentista avisou a gente que o pneu tava bem vazio, né? E logo em frente tinha a borracharia, a gente parou na borracharia. Só que estava com paciente dentro da ambulância. Ligamos pra eles, e eles queriam que a gente levantasse a ambulância no macaco hidráulico com paciente dentro pra trocar o pneu. Aí, a ambulância cai sem o pneu, quebra, e o paciente fica ali. Então eu tirei R$20 do meu bolso para não ter a dor de cabeça. Pensei no paciente e na nossa segurança”, afirmou.
Ainda no fim da noite da última quinta-feira (31), a situação se agravou após alguns funcionários terem ido na suposta base onde ficam as ambulâncias, para cobrarem explicações. Segundo informações repassadas ao Informativo, houve um desentendimento no local, e a Polícia Militar foi acionada. Os profissionais foram levados à delegacia para prestar esclarecimentos.
SERVIÇOS
A reportagem apurou que a empresa presta serviço para diferentes instituições privadas de saúde em São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro, além de clubes de futebol – como divulgado nas redes sociais da empresa – onde há fotos na Gávea, sede do Clube de Regatas do Flamengo, realizando serviços no Flamengo Adidas Cup, evento realizado em 2024.
A Pró-Cuidar tem sua matriz em Santo Antônio de Pádua, no interior do estado, e em seu perfil no Instagram afirma oferecer atendimento 24 horas com remoções básicas, UTI móvel e serviços de Home Care. A empresa também declara atuar em outros estados como: Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
RESPOSTAS
O Informativo apurou todas as denúncias citadas e entrou em contato com a empresa Pró-Cuidar, que nos enviou o contato do seu setor jurídico para solicitar posicionamento. Nós entramos em contato com o setor jurídico da empresa, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.
O veículo esteve presente na 72°DP, no Mutuá, em São Gonçalo, após alguns funcionários irem à base das ambulâncias relizarem cobranças, os mesmos foram levados a delegacia após responsáveis da Pró-Cuidar solicitar uma viatura do 7°BPM. O advogado da empresa estava presente, e de forma educada e solicito, disse que responderia no dia seguinte ao jornal.
Também entramos em contato com a Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro sobre as denúncias de que a empresa não teria o Licenciamento da Vigilância Sanitária, como pede a Resolução SES nº 1822/2019. Mas, até o momento da conclusão desta matéria, também não tivemos retorno.
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