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Adeus a Jards Macalé: ícone da música morre aos 82

Compositor, músico e ator morreu no Rio após complicações cardíacas decorrentes de cirurgia; artista lutava contra enfisema pulmonar.

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Jards Macalé em apresentação no Rio: trajetória marcada por inovação e resistência na música brasileira. Foto: Reprodução / Instagram

O músico, compositor e ator Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos, no Rio de Janeiro. O artista estava internado em um hospital particular na Barra da Tijuca para tratar um quadro de enfisema pulmonar e sofreu uma parada cardíaca após uma cirurgia. A família confirmou o falecimento por meio das redes sociais oficiais do artista.

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“Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando Meu Nome é Gal, com a energia e o humor de sempre”, diz a nota publicada na manhã desta segunda.

Nascido Jards Anet da Silva, em 3 de março de 1943, na Tijuca, zona norte da capital fluminense, Macalé cresceu cercado por influências musicais diversas. Da batida do samba no morro da Formiga aos cantores Vicente Celestino e Gilda de Abreu, seus vizinhos, o ambiente familiar também ajudou a moldar seu repertório — a mãe tocava piano e cantava, enquanto o pai dominava o acordeom.

Ainda criança, ele se acostumou a ouvir, no rádio e no cotidiano de casa, nomes como Silvio Caldas, Francisco Alves, Cauby Peixoto, Orlando Silva, Marlene e Emilinha Borba — ídolos do auditório da Rádio Nacional.

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Na juventude, ao se mudar para Ipanema com a família, ganhou o apelido “Macalé”, referência bem-humorada a um futebolista do Botafogo conhecido por suas atuações irregulares. Ali, o interesse pela música tomou forma: primeiro com o duo Dois no Balanço, depois com o Conjunto Fantasia de Garoto, dedicado a jazz, serenatas e samba-canção.

Macalé estudou com mestres como Guerra Peixe (piano e orquestração), Peter Dauelsberg (violoncelo), Turibio Santos e Jodacil Damasceno (violão), além de análise musical com Esther Scliar, formação que influenciou profundamente seu estilo singular.

A estreia profissional veio em 1965, como guitarrista do Grupo Opinião, marco cultural do período. Logo tornou-se diretor musical dos primeiros shows de Maria Bethânia e teve composições gravadas por artistas como Elisete Cardoso e Nara Leão.

Macalé, ao lado de Gal Costa, Paulinho da Viola e do parceiro José Carlos Capinan, criou a Agência Tropicarte, voltada à produção e gestão de espetáculos. Sua relação com o cinema também foi intensa: atuou e compôs para filmes de Nelson Pereira dos Santos, além de assinar trilhas para clássicos como Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade), Antonio das Mortes (Glauber Rocha), A Rainha Diaba (Antonio Carlos Fontoura) e Se Segura, Malandro! (Hugo Carvana).

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Autor de canções emblemáticas como Vapor Barato, Mal Secreto, Movimento dos Barcos, Rua Real Grandeza, Anjo Exterminado e Hotel Estrela, Macalé atravessou gerações e influenciou diferentes vertentes da música brasileira. Sua obra foi gravada por nomes como Gal Costa, Maria Bethânia, Clara Nunes, Camisa de Vênus e O Rappa.

Seu álbum Besta Fera (2019) foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB e escolhido entre os 25 melhores discos brasileiros do semestre pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 2023, o disco Coração Bifurcado figurou na lista dos 50 melhores do ano segundo a mesma entidade. Em 2024, Macalé voltou a ser destaque com o projeto Mascarada: Zé Kéti, em parceria com Sérgio Krakowski.

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